Não é a colheitadeira de última geração nem os silos na propriedade, tampouco os insumos cotados em dólar. Os principais patrimônios do produtor rural são o solo e a água, que possibilitam, conforme suas condições, bons índices de produtividade. Por muito tempo a luta pela conservação desses recursos naturais travou batalhas num campo abstrato. Afinal, quais as dimensões dos ganhos obtidos com a conservação do solo e da água? Como mensurar ou quantificar os prejuízos causados pelo processo erosivo? Quanto custa recuperar esse patrimônio?
Recentemente, alguns estudos científicos se debruçaram sobre essas questões para quantificar os danos causados pela erosão. De acordo com o pesquisador do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) Tiago Telles, o prejuízo causado pela erosão nas lavouras paranaenses temporárias (que precisam ser replantadas todo ano, como soja, milho, trigo, entre outras) chega a US$ 242 milhões por ano, cerca de R$ 1 bilhão. “Fizemos uma estimativa com experimentos, calculamos o volume de nutrientes que estavam contidos nos sedimentos levados pela enxurrada, aí convertemos os nutrientes em fertilizantes comerciais”, explica Telles.
Além de quantificar as perdas econômicas da má conservação, outros estudos levantaram a perda de nutrientes. De acordo com o trabalho científico “Perdas e custos associados à erosão hídrica em função de taxas de cobertura do solo”, publicado em 2015 na revista científica Bragantia do Instituto Agronômico de Campinas, quando comparada uma parcela de área sem nenhuma cobertura vegetal no solo e outra com 90% de cobertura, as perdas médias de água foram 51,97% menores, as de terra 54,44% e as de matéria orgânica 54,89%. “O maior percentual de cobertura do solo resultou em menores custos associados às perdas de água, terra e nutrientes por erosão”, conclui o estudo.