Em meio à divulgação de mais uma denúncia da força-tarefa da Lava Jato do Paraná, desta vez envolvendo o Governo Beto Richa, ontem, os promotores fizeram um desabafo. Isso porque não tem sido fácil levar adiante o trabalho de desvendar a corrupção enquanto muita gente preferia que tudo ficasse como estava.
A começar pelas delações e colaborações premiadas, que chegaram a ser alvo de questionamento no Supremo. Como diz o MPF, foi graças à colaboração da Odebrecht, uma das empreiteiras que desabaram com a Lava Jato, que se chegou ao esquema de cobrança de propina no Paraná. “Tal colaboração contribuiu ainda para evidenciar o esquema investigado na operação. O esquema revelado na Lava Jato é um esquema político-partidário em que diversos partidos e políticos colocaram em posições importantes no governo pessoas incumbidas de arrecadar propinas. Tais pessoas usaram seus cargos e o poder de decisão para fraudar licitações e praticar outros atos em benefício de empresas que concordaram em pagar propinas em troca de lucros extraordinários. As propinas foram usadas para enriquecimento ilícito dos envolvidos e financiamento de campanhas eleitorais”, citam os promotores.
Eles lembram ainda que foi o fio desse novelo que os levou a esquemas milionários envolvendo governos do Rio, de São Paulo entre tantos outros.
No Paraná, tiveram ainda de lidar com “colegas”. Esse caso denunciado ontem (veja mais na página 3 desta edição) quase foi engavetado pela Justiça Eleitoral. Não fosse a insistência do juiz Sérgio Moro e dos promotores, teria virado um inquérito de possível caixa 2 que costuma não dar em nada.
“Após quatro anos de investigação, foram reunidos indícios fortes de que pagamentos feitos pelas empreiteiras, em geral, constituíram propinas, com poucas ressalvas”. Falar mais o quê?