Opinião

Livres de fumo

Por Carla Hachmann

Sob incredulidade de boa parte dos brasileiros, a proibição de fumar em lugares públicos fechados entrou em vigor em todo o País em 2014. Embora algumas cidades e até estados já tivessem adotado a restrição, muitos duvidavam (e criticavam) que a medida seria implantada e (pior) obedecida. E aconteceu!

Quem não lembra de chegar em casa da balada ou até mesmo de um restaurante com a roupa e o cabelo cheirando a cigarro, mesmo que nunca tivesse dado um trago na vida.

Passados cinco anos, a boa notícia: a proibição de fumar em público salvou vida de 15 mil crianças, revelou ontem o Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Dia Mundial Sem Tabaco.

A pesquisa Legislação de Ambientes Livres de Fumaça de Tabaco e Mortalidade Infantil envolveu instituições brasileiras e estrangeiras. Conforme esse estudo, a criação de ambientes sem tabaco produziu uma queda média de 5,2% da mortalidade infantil nos municípios brasileiros.

A restrição funciona tão bem que hoje não há mais conflito. Quem fuma está ciente das regras e, ao contrário do que era, eles se tornaram a exceção, e não o restante da população. Quer fuma? Precisa ir ao local apropriado e “poupar” aqueles que eram obrigados a fumar juntos, os fumantes passivos.

Embora no Brasil (e na maior parte do mundo) fumar não seja ilegal, pesquisas atestam cada vez com mais confiança os danos do tabagismo. Segundo o Inca, 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo, que é considerado uma epidemia. Ou seja, é o fator de risco com mais alto nível de evidência científica. Mas hoje, graças à iniciativa de 2014, fuma (e se mata) só quem quer.