Cotidiano

HU: Funcionários denunciam falta de materiais e atrasos

Servidores temem que atrasos possam prejudicar atendimento aos pacientes

HU: Funcionários denunciam falta de materiais e atrasos

Cascavel – Servidores públicos e funcionários terceirizados do HU (Hospital Universitário) de Cascavel entraram em contato com a reportagem do Jornal O Paraná para denunciar a falta de materiais e o atraso no pagamento dos salários de terceirizados que atuam na instituição.

Os denunciantes pediram para não ser identificados para evitar possíveis represálias, mas afirmam que a condição do HU beira ao caos. “É desesperador você não ter uma seringa ideal para realizar os procedimentos com os pacientes. Estamos sem seringas de 20 ml, ok! substituímos por seringas de 10 ml, mas esse estoque também está no fim e quando acabar vamos fazer o quê?”, questiona um dos funcionários.

Outra funcionária fala da falta de fraldas, especialmente para os bebês da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal. “Já recebemos a ordem de pedir para os pais comprarem fraldas e trazê-las porque nosso estoque vai só até segunda-feira, no máximo. Mas muitos deles são pobres e não têm como comprar. Não sei como vai ser feito, porque não tem nem previsão de compra”, lamenta a denunciante.

Os funcionários temem que a falta de suprimentos prejudique o atendimento aos pacientes: “A situação é muito triste… como um hospital vai trabalhar sem material? O próximo passo é morrer gente na nossa mão sem ter o que possamos fazer para evitar”, alerta um enfermeiro.

A reportagem procurou o presidente do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Superior do Oeste do Paraná), Giancarlo Tozo, que afirmou não ter conhecimento específico das denúncias, pois está em viagem, mas disse que a falta de alguns materiais é rotineira, o que muda são os motivos, um deles por vezes é a falta de recurso.

“Tudo certo”

A direção do Hospital Universitário informou, por meio de nota, que está efetuando a compra de todos os materiais e o que pode estar ocorrendo, de forma pontual, são alguns atrasos no período de entrega de alguns produtos, mas que a situação estará muito em breve normalizada e sem prejudicar os atendimentos aos pacientes.

Questões enviadas pela reportagem do Jornal O Paraná à Unioeste, mantenedora do HU, sobre valores repassados este ano ao hospital para custeio de materiais e contratação de terceirizados e o custo médio mensal para o HU não foram respondidas.

Já a Seti (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) informou que até o momento foram repassados para o HU de Cascavel R$ 8.635.715,00 para as despesas correntes. Para a Unioeste, foram repassados R$ 129.320.243,00 para pagamento de pessoal e despesas correntes, até o segundo trimestre.

Terceirizados

Funcionários terceirizados também entraram em contato com a reportagem para relatar o atraso no pagamento dos salários. “No mês passado nós já recebemos com duas semanas de atraso e nossas contas ficaram pendentes, mas neste mês a situação é ainda mais triste, porque ontem entramos em contato com a direção e fomos informados que não há previsão para o pagamento porque não tem verba. O pagamento deve ser feito até o dia 10 e até agora não recebemos um real”, reclama uma funcionária.

Ela conta que, apesar dos atrasos, nenhum dos contratados está deixando de cumprir as escalas de trabalho. “A gente continua trabalhando porque os pacientes não têm culpa. Mas ninguém sabe como vai pagar as contas”.

Sobre a situação, a Unioeste informou que está com os pagamentos dos terceirizados em dia tanto nas suas unidades como no hospital.

Reportagem: Cláudia Neis