Poucas horas antes do início da greve do transporte público de Cascavel, as empresas que prestam o serviço e os trabalhadores fecharam acordo, anunciado no início da noite de ontem pelo prefeito Leonaldo Paranhos, que se envolveu nas negociações.
As conversas sobre reajuste salarial começaram em novembro, com os trabalhadores pedindo 9% sobre os salários (4% de inflação e 5% de aumento real) e R$ 350 de vale-alimentação (atualmente é R$ 236). Após queda de braço, os trabalhadores receberão os 4% de ganho salarial e o vale-alimentação passará para R$ 300 a partir de abril. “Com muita dificuldade, conseguimos dar o que foi negociado na última reunião. Consegui convencer o sindicato a aceitar e assim evitar uma greve. Evidente que esse ônus ficaria aos passageiros. Não haverá paralisação. Cumprimos rigorosamente nossa intermediação com a empresa. Foi uma conversa de insistência”, disse o prefeito Leonaldo Paranhos.
A definição foi aprovada pelo Sinttracovel (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Cascavel) horas depois.
Na semana passada, as empresas estavam tão resistentes, que nem mesmo o aumento de R$ 50 no vale havia sido aceito. Após intervenção de Paranhos, elas concordaram, mas, questionado sobre a “compensação” desse custo, o prefeito desconversou e disse que ainda está avaliando o pedido de aumento da tarifa.
Instável
A negociação salarial está em um momento ainda turbulento, pois até sexta-feira Paranhos garantiu que anunciará o novo valor da tarifa, hoje de R$ 3,65 – tal acordo com os trabalhadores poderia impactar ainda mais aos passageiros. As empresas querem aumento de 14%, assim a tarifa passaria para R$ 4,15.
A retomada de um subsídio no ICMS do diesel para o transporte público pelo governo estadual será discutido quinta-feira em uma reunião entre Ratinho Júnior e Leonaldo Paranhos. Curitiba já obteve o benefício, que representa R$ 0,15 na tarifa.
Conforme o prefeito, se tiver o subsídio, a tarifa ficará em R$ 3,85 – caso contrário o valor será de R$ 4.
A previsão é de que na sexta-feira o prefeito anuncie o novo valor a ser praticado.
Uma alternativa para reduzir o impacto é uma taxa de administração repassada à Cettrans (Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito), que representa 4% e poderá ser retirada para subsidiar a tarifa. “Não defini a tarifa. Se a população tiver que bancar os R$ 0,15 [do diesel] é uma decisão mais traumática – pesa ao consumidor e à prefeitura. Tem hoje 4% de uma taxa de administração repassada à Cettrans, mas ainda tenho que conversar com o presidente [Alsir Pelissaro] e antes quero desonerar o máximo possível”.
Reportagem: Josimar Bagatoli