Cascavel – Empresas que foram e são responsáveis por transformações profundas em toda a região e que respondem por 45% do PIB do Oeste podem de ter suas projeções de desempenho afetadas em 2015. O risco vem de anúncio que acaba de ser feito pela Fenatracoop, a Federação Nacional dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas do Brasil.
Em comunicado distribuído à imprensa, a entidade afirma que, agora, sem impedimento legal, está convocando todos os trabalhadores de cooperativas, de sua base no Oeste do Paraná, a ficar em casa a partir de 24 de agosto. Juntas, as cinco cooperativas da região faturaram R$ 13 bilhões em 2014, 45% do PIB de R$ 30 bilhões da região.
A justificativa da Federação pela deflagração da greve é para garantir melhores salários aos seus filiados. A Federação dá o tom das negociações em outro trecho do documento: sem greve, a solicitação dos trabalhadores é de 12% de reajuste salarial retroativo a julho, e piso de R$ 1,6 mil.
Entretanto, segue a nota, caso a paralisação venha mesmo a ocorrer a partir do dia 24 então o percentual de reajuste será outro, em vez de 12%, então os representantes dos trabalhadores somente aceitarão negociações com base de correção em 28%.
Nada mudou
As negociações entre as partes se arrastam há algumas semanas e o impasse está entre o percentual pedido pela Federação e aquele que as cooperativas entendem que, diante do atual momento de dificuldades, podem suportar.
A recente proposta, que avançou um pouco entre o índice oficial de inflação (na casa dos 9%) e o que os empregados pedem acabou rejeitada em assembleia. Depois disso, segundo a Fenatracoop, concedeu-se mais 72 horas para que as empresas apresentassem um novo índice. Porém, depois disso nada mudou.
39 mil cooperados e 29,8 mil funcionários
Palotina – Constituídas a partir da década de 1970, as cooperativas agrícolas simbolizam uma das mais vitoriosas criações do homem. Elas permitem compartilhar virtudes e projetos, geram empregos, renda, fortalecem a economia e promovem distribuição de recursos em suas áreas de atuação. As cinco principais cooperativas do Oeste, que deverão faturar perto de R$ 15 bilhões em 2015, têm 39.360 cooperados e dão ocupação a 29.873 pessoas.
O trabalho de integração promovido pelas cooperativas ocorre simultaneamente com avanços na atividade econômica de suas bases. Elas investem em pesquisa, na disseminação de conhecimentos e permitem, devido à socialização de informações, elevar continuamente a produtividade agrícola e pecuária.
O avanço no Oeste do Paraná é tão amplo que, em vez de grãos in natura, a região agrega imenso valor às suas comunidades ao exportar proteína.
Números
A maior das cinco cooperativas da região é a C. Vale, de Palotina. Ela alcançou, no ano passado, 15.562 cooperados, 6.404 funcionários e faturamento de R$ 4,65 bilhões.
A Lar, de Medianeira, tinha até o fim de 2014 a soma de 9,6 mil associados, 7,3 mil colaboradores e faturamento de R$ 3 bilhões. Com sede em Cafelândia, a Copacol tinha cinco mil cooperados, oito mil funcionários e faturou, ano passado, R$ 2,5 bilhões.
A Coopavel, de Cascavel, alcançou faturamento de R$ 1,6 bilhão no ano passado. Ela contava com 4.398 sócios e 5.169 funcionários. A Copagril, de Marechal Cândido Rondon, tinha, também segundo dados de 2014, 4,8 mil cooperados, três mil funcionários e faturamento de R$ 1,1 bilhão.
O setor que representa as cooperativas do Oeste não quis se manifestar sobre a deflagração da greve a partir do próximo dia 24.