Cotidiano

Com reintegração, algumas famílias dizem não ter para onde ir

Aproximadamente cinco famílias do MLST ainda permanecem às margens da BR-369

Cascavel – Guarda-roupa, mesas, armário de cozinha, fogão, roupas e outros objetos pessoais foram deixados para trás. No lugar dos barracos muito terra e sujeira. Aproximadamente cinco famílias do MLST (Movimento de Liberação dos Sem Terra) ainda permanecem às margens da BR-369 entre Cascavel e Corbélia, no terreno onde foi solicitada na quinta-feira a reintegração de posse.

Na sexta-feira (14) caminhões e carretas ainda faziam o carregamento das madeiras e telhas de alguns barracos.

“Não temos para onde ir e nem condições de pagar aluguel. Estamos sem saber o que fazer. Foram anos de promessas para nada, pois ninguém recebeu nenhuma parte de terra”, critica Iracema Medonça.

Muitos foram para o acampamento 1º de Agosto, às margens da BR-277 sentido Curitiba, outras famílias foram para acampamentos em São Pedro do Iguaçu e Lindoeste.

“Tivemos prejuízos de mais de R$ 6 mil no ano passado, perdermos a nossa casa que foram destruídas pelas máquinas durante a reintegração de posse na fazenda. Agora sem documento, fomos apenas avisados que teremos que deixar o local”, reforça Ademar dos Santos.

Há cerca de dez anos as famílias vivem na faixa de domínio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte).

De acordo com o reverendo e presidente do Centro de Direitos Humanos Luiz Carlos Gabas, as famílias estão desocupando a área de forma pacífica.

“O prazo que foi determinado é para que desocupem o local até a próxima segunda-feira. Eles terão o sábado e o domingo para continuar fazendo as mudanças. O Incra afirmou que as famílias do MLST não terão acesso a nenhuma área. Estamos intercedendo para evitar problemas, bem como a necessidade de força maior”, comenta.

Alguns idosos e crianças permanecem no local, por isso o presidente do Centro de Direitos Humanos está acompanhando a desocupação.

Os caminhões foram cedidos pelo proprietário da Fazenda Bom Sucesso, local também invadido nas proximidades, mas que foi desocupada em outubro do ano passado. Na época 50 barracos foram desmanchados com a presença de policiais.

(Com informações de Eliane Alexandrino)