Capanema – O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, entre os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques, teve o volume de trabalho reduzido drasticamente por conta de entraves entre o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e o Consórcio Neoenergia, vencedor da licitação.
Durante todo esse período, mais de 1,6 mil trabalhadores foram desligados da empresa, que até então não estava autorizada a retomar as atividades enquanto não atendia algumas condicionantes exigidas pelo Instituto.
Empresários e agricultores das cidades atingidas (Capanema, Capitão Leônidas Marques, Realeza, Nova Prata do Iguaçu e Planalto), que aguardavam ansiosamente pelo retorno das obras, participarão de um ato nesta quinta-feira (27), que prevê o reinício das atividades no canteiro de obras da Baixo Iguaçu.
O governador Beto Richa (PSDB) e o presidente do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Luiz Tarcísio Mossato Pinto, anunciam oficialmente a renovação da licença ambiental de instalação, que garante a execução dos trabalhos.
É uma notícia espetacular. Estava mais do que na hora de a construção ser retomada, celebra o prefeito de Capitão Leônidas Marques, Ivar Barea.
O Consórcio Neoenergia, responsável pela construção da usina, informou que ainda não há um novo cronograma para a retomada das obras, mas que todas as condicionantes exigidas pelo ICMBio foram cumpridas, o que possibilitou a renovação da licença ambiental de instalação junto ao IAP.
Em janeiro deste ano o Instituto Chico Mendes emitiu para o IAP a autorização para continuidade do licenciamento ambiental do empreendimento, com um conjunto de medidas a serem adotadas para realização da obra, algumas delas a serem executadas antes das intervenções no rio Iguaçu, afirma o Instituto.
Conforme a prefeita de Capanema, Lindamir Denardin (PSDB), o momento é de comemoração.
A retomada das obras da usina era uma luta de todas as classes trabalhadoras da região, que viam esse empreendimento como fundamental para o desenvolvimento da economia local. Todos estão comemorando mais essa conquista, relata Lindamir.
Segundo ela, quando houve o embargo, 40% já havia sido executado, o que trouxe grandes prejuízos ao município. Isso porque os empresários de Capanema contavam com esse projeto e fizeram investimentos significativos em diversos setores. Depois de interrompida, o impacto principal foi a queda na arrecadação, que antes era promovida pelas centenas de funcionários que vieram ao município para trabalhar.
Da mesma forma que Capitão, o município sofreu também com o desemprego, informa a prefeita Lindamir. Em um primeiro momento, 1,2 mil pessoas foram demitidas. Logo depois, outras 600. O número expressivo de demissões provocou a revolta dos moradores, que no ano passado, realizaram um protesto reivindicando o retorno da obra e a manutenção dos empregos.
Comércio vai fechar
Durante o ato com o governador Beto Richa, alguns comércios de Capanema permanecerão fechados para que a população possa participar. Além disso, transporte será oferecido aos moradores, saindo às 9h, em frente à prefeitura.
Exigências do ICMBio
O Instituto Chico Mendes, que é responsável pela gestão do Parque Nacional do Iguaçu, apontou 19 condicionantes a serem revistas pelo empreendedor. Uma das exigências mais recentes era a retirada de pedras, argila e outros materiais que chegaram ao leito do rio Iguaçu depois da enxurrada de junho de 2014, que destruiu grande parte do que já havia sido feito no canteiro de obras, inclusive arrastando maquinários utilizados na construção.
Antes da inundação e da interrupção das obras, a UHE Baixo Iguaçu entraria em operação no fim de 2016. Quando concluída, vai gerar energia para um milhão de pessoas e recursos da ordem de R$ 7 milhões por ano em impostos pela utilização dos recursos hídricos.
(Com informações de Marina Kessler)