Cotidiano

Construção tem pior resultado na geração de empregos em dez anos

Nos últimos doze meses, setor demitiu mais do que contratou

Marechal Cândido Rondon – O cenário atual da construção civil preocupa a classe trabalhadora que depende exclusivamente de novos projetos, sejam públicos ou privados, para continuar no mercado.

Os municípios de Cascavel, Toledo, Medianeira, Guaíra, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Assis Chateaubriand, perderam 456 postos de trabalho apenas de agosto de 2014 a julho deste ano no setor.

As centenas de demissões geraram o pior resultado dos últimos dez anos na região Oeste. O último resultado negativo, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego, foi em 2005, quando a região deixou de ofertar 179 vagas de emprego na construção civil.

O município que mais demitiu nos últimos 12 meses foi Foz do Iguaçu. Na fronteira, 346 postos de trabalho fecharam. De agosto a julho último o setor foi um dos que apresentou os piores desempenhos. Somente para o mês de julho, a construção civil empregou 182 pessoas. Entretanto, o saldo é negativo, já que houve um número maior de desligamentos, um total de 268.

Somados os dois resultados, Foz encerrou o mês com 82 vagas a menos. Toledo e Marechal Cândido Rondon também demitiram mais do que contrataram. Juntas, as duas cidades fecharam 328 postos de trabalho na construção civil em apenas um ano.  

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil em Marechal Cândido Rondon, Lotário Class, afirma que no município uma das principais demandas de trabalho em anos anteriores, a construção de casas baixas, já não oferece as mesmas oportunidades de emprego e deixa um número expressivo de trabalhadores sem carteira assinada. Muitos deles até migraram para outro setor para não permanecer desempregado.

“Realmente houve algumas demissões na região. Serviços que antes eram comuns na cidade hoje estão bem reduzidos. É o reflexo da crise, que faz com que a população contenha alguns gastos e adie investimentos”, relata.

Ele ressalta que a maioria dos trabalhadores da construção civil que foram demitidos nos últimos 12 meses ficou à mercê do seguro-desemprego até se estabelecer em outro trabalho.

“A demanda nas agências do trabalhador são muito altas, mas em contrapartida, a oferta continua baixa”, lamenta Class.

Contratações seguem de forma tímida

Em meio às demissões, algumas cidades do Oeste continuaram contratando. É o caso de Cascavel, que assinou 550 carteiras em julho, todas voltadas ao segmento. Em 12 meses, o município manteve mais vagas abertas do que encerrou, resultando na manutenção de 145 postos de trabalho.

O mesmo ocorreu em Medianeira (60) e Assis Chateaubriand (22). Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o melhor período de contratações em 12 meses no setor ocorreu em 2011, quando 2.361 postos de trabalho foram mantidos.

(Com informações de Marina Kessler)