Cascavel – No mercado comandado pela família na Rua Alcir da Mota, no Bairro Cancelli, o costume antigo de comprar e deixar para pagar outro dia, o popular fiado, perdura em tempos que o comércio restringe as formas de pagamento para evitar calotes.
No estabelecimento, cerca de 20% compram fiado e ali ainda perdura o tradicional caderninho das anotações. Os meios eletrônicos também estão presentes para alguns casos na hora de marcar a compra, mas não é o que prevalece.
O motivo da proprietária Evinha Vargas não eliminar o fiado é a perda de clientes.
Tem gente que até ficaria com raiva se fizéssemos isso. Temos o nosso círculo de amizades: estou há 44 anos no bairro e há 15 com o mercado. Acredito que o fiado nunca vai acabar, analisa.
Ela reconhece ainda que a maioria dos clientes que pede para anotar a compra leva pouca coisa e deixa acumular a conta para pagar tudo de uma só vez. Porém, esta facilidade também traz problemas. A proprietária perdeu muito dinheiro ao confiar na promessa do cliente.
Para fazer fiado tem que ser conhecido, ainda assim, todo mês estamos preparados para perder.
Neste ano aumentou o índice de inadimplentes, sendo que a justificativa apresentada pelos devedores é a de que estão em dificuldade financeira.
Nós sabemos que está difícil, porém temos casos de pessoas que ficaram devendo R$ 15 e outros que compram supérfluos e não pagam, relata.
Evinha diz que, hoje, a prática do anotar é bem menos permitida pelo comércio e justifica com a segurança do cartão de crédito.
Perdemos ao menos 2% sobre a venda, mas o pagamento com o cartão é certo. Mesmo nesse estabelecimento, que confia na palavra do cliente, as vendas no cartão correspondem a cerca de 40% do total das comercializações.
(Com informações de Marcelo Machado)