Foz do Iguaçu – Crescem as articulações para fazer de Cidade do Leste um dos polos paraguaios para a instalação de indústrias brasileiras. Um dos setores mais inclinados a aceitar o desafio é o automotivo.
A prefeita Sandra Zacarias está de olho nas movimentações em torno do tema, principalmente com a forte valorização do dólar frente ao real, que reduziu expressivamente as vendas de importados a brasileiros.
Um dos atrativos às empresas brasileiras é a política fiscal do país vizinho, considerada mais simples e de menor recolhimento do que a nacional. A Lei Maquila é um dos diferenciais, já que garante isenção de impostos na importação de máquinas e de matérias-primas. Quando o produto final deixa o país vizinho, o tributo incidente é de apenas 1% sobre o valor da fatura de exportação.
Há diversos outros aspectos que tornam o Paraguai interessante aos industriais brasileiros. Lá, a carga tributária é de 20% do PIB, Produto Interno Bruto, enquanto que no Brasil ela está na casa dos 40%.
A legislação trabalhista é flexível. Os encargos giram em 35% e aqui chegam perto dos 100%. A tarifa de energia é pelo menos 65% mais barata que a brasileira, que praticamente dobrou em prazo de apenas um ano devido ao desequilíbrio fiscal do Governo Dilma Rousseff.
Crescimento
Como o que mais interessa no mundo dos negócios são números, o Paraguai exibe alguns de fazer inveja mesmo ao gigante do hemisfério sul das Américas. O PIB em 2013 foi de 14,1%, foi de 4,3% no ano passado e deverá fechar o atual exercício com crescimento acima dos 4%.
Os resultados dos últimos dois meses podem parecer pequenos, mas não são, principalmente comparados com os índices do Brasil, com avanço de apenas 0,2% no PIB em 2014 e com recuo de 2% neste ano.
Otimismo
Uma das autoridades paraguaias mais otimistas com a atração de empresas brasileiras é o ministro da Indústria e Comércio, Gustavo Leite. No período de 2007 a 2013, o número de indústrias brasileiras em solo paraguaio dobrou e deverá crescer ainda mais no curto prazo se depender do otimismo de Gustavo.
Apenas em um ano, 21 novas empresas aderiram ao regime da maquila. De acordo com o ministro, a integração produtiva, que tem a simpatia também do governo brasileiro e de diretores da binacional Itaipu, deverá estimular ainda mais a matriz econômica no Paraguai. Embora a mão de obra não seja cara, um dos desafios é conseguir pessoas qualificadas para certas funções.
Desafios imensos
Enquanto o Paraguai simplifica, o governo brasileiro complica a cada dia a vida dos empresários. O Brasil é o país mais burocrático do mundo e os custos de produção são cada vez maiores e explodiram nos últimos meses. Somente em 2015, o preço da energia elétrica aumentou em mais de 50%.
As dificuldades são tantas que fazem com que os empresários pisem no freio, enxuguem custos, reavaliem investimentos e demitam. Foi o que ocorreu com a Fiasul, em Toledo. Devido aos novos custos, principalmente da energia, a empresa desativou um dos três turnos e 112 funcionários perderam o emprego de uma única vez.
(Com informações de Jean Paterno)