O ex-presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatler, admitiu que sorteios de competições de futebol podem sofrer manipulações. Blatter afirmou que testemunhou o uso de “bolas frias” em competições europeias, mas negou que o mesmo tenha ocorrido na Fifa. A declaração foi feita em entrevista ao jornal argentino “La Nación”.
— Não existem na Fifa, mas fui testemunha de sorteios, a nível europeu, em que isso aconteceu. Mas nunca na Fifa. É claro que é possível fazer, mas comigo jamais aconteceu, jamais — afirmou.
De acordo com o ex-dirigente, algumas bolas, que definem os grupos dos torneios, eram colocadas na geladeira, para ficarem mais frias e, portanto, se diferenciarem das outras, mais quentes.
O único acusado diretamente por Blatter é Artemio Franchi, presidente da Uefa entre entre 1973 e 1983.
— Só havia uma pessoa com esse poder na Europa. Artemio Franchi fazia para o sorteio dos torneios de clubes — denunciou, sem especificar a competição em que ocorreu a irregularidade.
Presidente da Fifa entre 1998 e 2015, Blatter foi banido de atividades relacionadas ao futebol por seis anos, devido à acusação de pagamento de proprina. No início do mês, uma investigação interna do órgão apontou que o ex-presidente usou a Fifa para enriquecimento pessoal.
Na entrevista ao jornal argentino, contudo, Blatter disse ter a consciência tranquila, garantindo não ter violado nenhuma lei e que “não vão encontrar nada” contra ele.
O ex-dirigente também ressaltou que Fifa não pode ser considerada corrupta, mas sim seus integrantes.
— A Fifa não é corrupta, uma organização não pode ser corrupta, somente os homens são. A Fifa é uma organização que envolve 1,6 bilhão de pessoas, não podem ser todos corruptos — afirmou.
Outro assunto abordado foi a premiação do argentino Lionel Messi, escolhido melhor jogador da Copa do Mundo de 2014. De acordo com Blatter, ao receber o prêmio, o argentino falava sozinho, repetindo: “O melhor, mas não o campeão”.
