Cotidiano

MST bloqueia acessos e transportadores ficam sem trabalho

Sem trabalhar há mais de 15 dias, profissionais ficam sem dinheiro para contas e prestação dos caminhões

Queda do Iguaçu – Enquanto a lei não é cumprida e as decisões judiciais são ignoradas, ações do MST tornam a vida de trabalhadores cada vez mais difícel em Quedas do Iguaçu. Ontem, caminhoneiros que atuam no transporte de madeira bruta fizeram protesto na praça central da cidade.

Empresários, líderes e operários se uniram à manifestação que pede soluções urgentes às invasões de terra que tantos transtornos provocam à economia e à vida das famílias que moram em Quedas e adjacências.

O problema é agravado desde o último dia 4 com o bloqueio por membros do Movimento Sem-Terra de acessos à principal área de extração de madeira de reflorestamento da Araupel. A região, conhecida por Lambari, fica no interior de Rio Bonito, divisa com Quedas. Os transportadores não conseguem passar devido a barricadas e à presença de sem-terra armados, que os impedem de seguir viagem.

“Só queremos trabalhar, ganhar nosso dinheirinho e pagar as nossas contas”, diz o presidente da Cooperativa de Transporte de Cargas de Quedas do Iguaçu, Lair José Simioni.

O bloqueio do acesso é interpretado como uma espécie de represália dos líderes do MST à recente reunião de representantes de entidades do Paraná em Brasília. No encontro, a situação das invasões e os abusos cometidos pelo Movimento Sem-Terra em áreas da Araupel foram detalhados a deputados e a representantes do Incra e da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Como os caminhões não conseguem chegar aos locais de corte, a indústria não tem matéria-prima para trabalhar e está praticamente parada. Apenas na área da reflorestadora, são cerca de 400 trabalhadores.

Tonelagem

Os caminhoneiros autônomos contratados pela empresa recebem por toneladas transportadas.

“Se não há transporte, não temos pagamento e sem dinheiro os problemas aparecem”, conforme Lair.

Mais de 70% dos transportadores têm os caminhões financiados e, sem receber, correm o risco de ficar inadimplentes e de perder o bem.

“O dinheiro está acabando e já nos próximos dias não teremos como comprar comida, remédios, pagar contas de água e luz e a prestação do caminhão”, relata Lair, preocupado já que não há sinal de solução do impasse a curto prazo.

Tumulto

Os caminhões dos transportadores autônomos de madeira bloquearam o trânsito de veículos na região central da cidade.

“Não queríamos, jamais, trazer esse transtorno. Porém, as autoridades precisam ver para entender e se sensibilizar do drama que Quedas do Iguaçu e municípios vizinhos enfrentam”, diz Lair José Simioni.

Os caminhoneiros conversam para definir novas estratégias da mobilização.

“Tudo o que queremos é que os bloqueios cessem e que possamos puxar madeira para a indústria”, diz Lair.

O protesto dos caminhoneiros também incluiu buzinaço e apresentação de mensagens pedindo solução a um problema que há tanto provoca prejuízos na região.