Cotidiano

Número de idosos com algum tipo de inadimplência triplica

Em setembro de 2014, endividados não passavam de 5,6 mil; neste ano, já são 16 mil

Curitiba – Ao mesmo tempo em que aumenta a população idosa no País, cresce o nível de dívidas entre aqueles que chegaram ao grupo considerado como o da melhor idade.

O acesso facilitado ao crédito consignado pode ser atribuído com um dos motivos que levam ao endividamento, sobretudo, dos aposentados. Com grande parte da sua renda comprometida com empréstimos, o que seria uma alternativa para se livrar de contas, resulta em um prejuízo maior.

Somente pela base de dados da ACP (Associação Comercial do Paraná) praticamente triplicou o número de pessoas acima dos 50 anos com algum tipo de inadimplência neste ano.

“Houve aumento bem acentuado. Em setembro de 2014, o número de inadimplência acima dos 50 anos não passava de 5,6 mil consumidores registrados, enquanto que no mesmo mês em 2015 passa de 16 mil”, afirma a gerente de serviços Simone Scussiato.

A grande maioria dos idosos chega à terceira idade dependendo apenas da previdência social e em razão da baixa renda e, em muitos casos, pela falta de planejamento para a velhice, ficam endividados.

“Infelizmente, hipotecamos o futuro e quando ele chega, ou seja, quando envelhecemos, mudam as perspectivas e surgem outras necessidades que, muitas vezes, não podem ser supridas diante da renda que tende a decrescer”, considera a professora Mariângela Souza, que participa do Projeto Primeiros Passos em Economia e Cidadania, desenvolvido pela Unioeste, campus de Cascavel.

A tomada de crédito consignado torna, muitas vezes, o rendimento dos aposentados passível de contas que não lhes pertencem.

“A maioria vive com a família e o que ocorre em muitas situações é de filhos utilizarem o acesso facilitado ao crédito do pai para empréstimos pessoais”, explica o economista Jandir Ferrera de Lima.

Há também situações em que os empréstimos ocorrem por descontrole de gastos pessoais.

“Percebemos que os aposentados não se endividam com gastos considerados de formação de patrimônio, mas com gastos correntes que estão relacionados, sobretudo, à alimentação e medicamentos”, complementa Jandir.

(Com informações de Romulo Grigoli)