Cascavel – O brasileiro começou 2024 pagando mais pelo litro do óleo diesel, biodiesel e gás de cozinha. Tudo por conta da reoneração determinada pelo Governo Federal, com a volta da cobrança intergral do PIS/Cofins. Esse imposto estava zerado desde 2021, entretanto, o recolhimento foi antecipado em setembro do ano passado.
A partir de 1º de janeiro, a arrecadação voltou a ser integral, com os seguintes valores: aumento de R$ 0,35 por litro do diesel; R$ 0,15 por litro do biodiesel; R$ 0,33 por litro do diesel B, que é a mistura do diesel A e biodiesel, e de R$ 2,18 por botijão de 13 Kg do gás de cozinha. Diante desses aumentos, o impacto na inflação e nos preços aos consumidores é inevitável.
Na segunda quinzena de dezembro do ano passado, o Governo Lula informou que a reoneração de impostos não encareceria os custos dos consumidores, uma vez que o aumento da carga tributária seria amenizado pelas reduções de preço anunciadas pela Petrobras. “Na verdade, a Petrobras anunciou no fim de dezembro o segundo corte no mês de dezembro, que mais do que compensa a reoneração de 1º de janeiro. Isso é importante para todo mundo ficar atento. Não há nenhuma razão para impacto do diesel”, explicou o ministro Haddad, na época.
“Camuflado”
O primeiro setor a torcer o nariz para a reoneração do imposto foi o de transportes. O presidente do Sintropar (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná), Antonio Ruiz, considerou a redução do valor do litro do diesel no fim de dezembro por parte do governo federal como uma forma de camuflar essa reoneração do imposto. “Aquela redução sequer chegou à bomba e o governo já anunciou esse aumento da carga tributária no preço do diesel”, disse Ruiz.
Para presidente do Sintropar, a redução em dezembro e a reoneração já em janeiro foi uma “jogada de mercado do governo”. Ruiz considera essa a cobrança integral do PIS/Cofins ruim. “Sabemos que o País é movido pelo modal rodoviário e a economia gira em torno do transporte. Toda a vez que aumento o custo do litro do diesel, o custo Brasil é impactado”, resume.
Na ótica de Ruiz, as transportadoras não conseguem absorver todos esses custos sem fazer esse repasse. “Já estamos assumindo isso há um bom tempo, mas chega o momento de não ter mais o que fazer”, disse. As transportadoras e os motoristas independentes não conseguiram sequer comemorar a redução do litro do diesel e já se viram diante dessa reoneração. “O setor produtivo do País vive um retrocesso e, entre as consequências, consta o abandono de investimento por parte dos empreendedores, jogando um balde de água fria em qualquer possibilidade de novas contratações. Pelo contrário, em vez de empregar, ele opta em fazer desligamento para minimizar seus custos”, completou Ruiz.
Impacto
Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o diretor regional da Paranapetro, Roberto Pellizzetti, confirmou o impacto da reoneração em vigor deste ontem. “O preço do litro do óleo diesel subiu R$ 0,31 e aquela baixa de R$ 0,30 anunciada em dezembro pelo governo federal baixou apenas R$ 0,10”, comenta. “O impacto é notório no setor produtivo”.
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