Cascavel – Os problemas emocionais estão cada vez mais presentes no cotidiano da sociedade, com pessoas desenvolvendo problemas com ansiedade e depressão. O “Setembro Amarelo” alerta para os cuidados e sinais de prevenção ao suicídio e, mesmo com o mês de setembro chegando ao fim, a campanha e os cuidados com a saúde mental são permanentes. Em Cascavel, um trabalho bastante importante de apoio emocional está correndo risco de ser paralisado, devido a uma dívida entre os próprios órgãos municipais.
O CVV (Centro de Valorização da Vida) tem uma sede em Cascavel localizada no segundo andar da Rodoviária Municipal desde dezembro de 2018. Claudemir Desto, que é porta-voz do serviço na cidade, disse que na época foi firmado um acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) que equipou o local com mobiliário e se comprometeu em pagar o condomínio do local, já que o serviço é realizado com 27 voluntários que trabalham no atendimento por telefone, gratuitamente. Para se ter ideia, somente neste ano eles atenderam cerca de 10 mil ligações telefônicas somente da região de Cascavel.
Ocorre que desde setembro de 2020, o custo mensal do condomínio, que é de aproximadamente R$ 300, não vem sendo pago pela Sesau e a dívida acumulada já soma R$ 14 mil. Por isso, o serviço foi notificado pela Transitar, que cedeu a sala gratuitamente e, caso o valor não seja quitado, a CCV seja despejada do espaço.
De acordo com Desto, os voluntários vão lutar para manter o serviço e, por isso, estão expondo a situação à sociedade e buscando apoio dos vereadores para intermediar uma solução. Por outro lado, não acham justo eles mesmos terem que se mobilizar para fazer esse pagamento, já que prestam o serviço de forma voluntária. “Fomos notificados para pagar ou desocupar o espaço e ainda corremos o risco do valor ser executado”, disse.
Improbidade
A presidente da Transitar, Simoni Soares, disse que, como gestora precisa fazer a cobrança da dívida da taxa do condomínio, caso contrário pode ser responsabilizada por improbidade administrativa. Ela disse ainda que essa não é a primeira vez que o serviço foi notificado e que tem ciência do valor da taxa que todas as salas precisam arcar para manutenção. A reportagem do Jornal O Paraná entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, porém, foi informada que o secretário Miroslau Bailak não iria se manifestar sobre o caso.
Trabalho de Apoio
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. O serviço foi fundado em São Paulo, em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973.
A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção do suicídio.
A linha 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, que foi concluída em junho de 2018, com a integração de todos os estados.
Prevenção ao suicídio
Segundo dados da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), ocorrem em média 12 mil suicídios por ano no Brasil. Mundialmente a Organização Mundial da Saúde aponta 700 mil casos notificados no mundo por ano, somado aos subnotificados, ocorrem aproximadamente 1 milhão de casos anuais. Uma das formas de prevenir o suicídio é identificar alterações no comportamento das pessoas ao redor.
Além disso, outros fatores podem ser identificados como a falta de autocuidado e interesse nas atividades do dia a dia, redução da produtividade no trabalho, escola ou faculdade e hábitos alimentares irregulares, como comer além do adequado ou passar muito tempo sem se alimentar, são os principais sinais.
Foto: Divulgação/CVV
