Opinião

Uma viagem aos idos de 1904

Uma viagem aos idos de 1904

Foi exatamente em quatro de agosto do ano de 1904 que nascia em Múceres, distrito de Campo de Besteiros, chamado Beira Alta, aquele que iria constituir uma família, bem distante dali, no Rio de Janeiro, que foi meu pai. Eu digo que a partir de dezembro de 1939 eu passei a oficialmente e com registro de nascimento a ser também um Viegas.

Já conhecia a casa, a região desde jovem através das fotos que existia em nossa casa, mas em 1972 fui pela primeira vez, já casado com a Sonia conhecer os parentes, tios e primos, a casa era grande com uma cozinha espaçosa e janelas amplas. Lembrando bem as casas das fazendas do interior brasileiro. Estive em outras ocasiões, em uma das vezes com meu pai descreveu todos os detalhes de sua infância e de suas lembranças por aqueles caminhos.

Voltei agora para o VI Encontro da Família Viegas, quanta saudade e lembranças daqueles que no Oriente Eterno estarão nos acompanhando. Da casa restam as estruturas basilares, de pedra que resiste ao tempo, um pedaço ou outro de uma janela e paredes já destruídas pelo tempo.

Mas amizade dos primos, dos amigos é registrada na recepção calorosa e amorosa.

Com Soninha e Léo, nos programamos para a viagem onde também estava minha irmã, com filha, genro, netos e amigos.

Por questões logísticas, só me encontrei com o Léo em Lisboa, na fila do desembarque, o restante da família já estava no Porto.

No primeiro dia almoçamos com uma amiga de Cascavel que lá reside, começamos com bacalhau e uma taça de vinho, notícias de Cascavel e uma troca de informação sobre dupla cidadania que foi muito válida. Já sou cidadão português com identidade e passaporte.

Nos dois primeiro dias eu e o Léo fizemos uma caminhada de Montemor – Novo até Arraiolos, e depois de Arraiolos até Évora, lindos campos, vilas brancas de molduras azuis e castelos que demonstram o passado heroico e grandioso. O almoço com a família foi com muita emoção, um pouco de choro para não perder o costume e a deliciosa comida portuguesa.

Uma noite no Hotel Castelo de Bussaco para me fingir de VIP, presente da sobrinha que adora o Tio Velho.

Um jogo no Estádio do Dragão no Porto, foi um presente do primo Mario e da Fausta, foram de uma gentileza e cortesia, me deixaram encabulado e preocupado em como retribuir tanto carinho.

Sem seguir a cronologia histórica farei alguns comentários para não me alongar muito.

A censura é livre, ou melhor, não há censura na TV e nos jornais, mas o futebol  toma a maior parte dos horários da TV aberta. Não escutei fados, coisa que faço aqui no Brasil, ouvindo todos os sábados na Rádio Metropolitana do Rio, mas a música  brasileira está presente em muitos momentos  da rádio e TV portuguesa.

Após a caminhada, chegando a Arraiolos, fomos a um restaurante na entrada da cidade, Alpendre- comida típica alentejana, o garçom  espantou-se, pois a maioria  dos clientes tem mesa marcada e estão bem vestidos e nós de mochila e cajados éramos os peregrinos, mas fomos bem recepcionados e a comida excelente (porco alentejano com mexilhões). Passamos por uma praça de touros com um cartaz anunciando uma Tourada para o dia seis de maio, mas era o dia do almoço e, coincidentemente  da coroação do Rei Charles III.

No trajeto vimos ninhos de cegonhas, gigantes nos postes de  transmissão de alta tensão, faltam telhados e chaminés.

Visitamos Aveiro com suas praias e rios, fomos também à Fátima agradecer, levar os pedidos de vário à Maria Santíssima.

Passamos em Senhora da Hora  antes do jogo de  futebol, e os primos Quim e  Helena nos ofereceram um banquete como lanche da tarde e após, ainda recebemos lembranças como um afago.

Uma manhã passada no Palácio de Queluz nos fez recordar as aulas de história brasileira, pois ali nasceu e morreu Dom Pedro I. O Luxo ainda reluz no próprio nome, “Queluz”.

Por último comentar Lisboa, uma cidade antiga modernizada. O transporte flui muito bem com facilidades para ônibus, metrô, bonde, uber, taxi, trem e barcos. As ruas da Mouraria, com uma população diferente, são muitos indianos, chineses que agora são os comerciantes dominantes de toda a região.

O Castelo de São Jorge imponente, ainda lembrando a importância de defender Lisboa  dos invasores que vinham pelo Tejo e por mar.

Concluindo esta pequena viagem faço um brinde a todos com espumante  Raposeira e um Mateus  autentico.

José de Jesus Lopes Viegas – Médico CRM/PR 5279