Política

Nelsinho Padovani: “Serei um prefeitão de Cascavel em Brasília”

O jornal O Paraná inicia dezembro com uma série de entrevistas especiais com os deputados cascavelenses eleitos no pleito de 2022

Nelsinho Padovani: “Serei um prefeitão de Cascavel em Brasília”

O jornal O Paraná inicia dezembro com uma série de entrevistas especiais com os deputados cascavelenses eleitos no pleito de 2022 e que irão representar o município e a região na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa do Paraná.

O primeiro entrevistado é o empresário e agora deputado federal eleito Nelsinho Padovani (União Brasil). Herdeiro político do ex-deputado federal Nelson Padovani, Nelsinho já foi vereador de Cascavel entre 2009 e 2012. Ele concorreu ao cargo de deputado federal pela primeira vez em 2022 e recebeu 57.158 votos, conseguindo conquistar uma das 30 cadeiras do Paraná na Câmara dos Deputados. E entre os 13 candidatos a deputado federal por Cascavel, Padovani foi o único que conseguiu se eleger.
Durante a conversa com O Paraná, Nelsinho destacou a responsabilidade de ser o único deputado federal eleito por Cascavel, falou sobre projetos que pretende apresentar, bandeiras que deverá defender e qual postura deverá adotar diante do governo Federal.

O Paraná – Nas eleições de 2022 a representatividade do Oeste diminuiu e você foi o único deputado federal eleito por Cascavel. Como você vê essa responsabilidade e qual a importância de uma maior representatividade da região na Câmara Federal?
Padovani – É gratificante e desafiador ser o único deputado federal eleito por Cascavel. Mas quando o meu pai se elegeu em 2010 nós tínhamos em Cascavel quatro deputados federais, Sciarra, Alfredo Kaefer, Padovani e Frangão. Se as demandas da cidade chegassem a cada deputado então você fracionava em 25% para cada um, hoje essas demandas da cidade vão sobrecair sobre um deputado apenas.
A gente sabe que o cobertor é curto. No final do ano teremos as emendas de bancada, que são aquelas obras mais pesadas, são aqueles investimentos mais pesados que o Governo Federal faz em uma cidade ou uma região, se você tem mais deputados em uma cidade, eles se unem e o dinheiro vai para a cidade ou região. Hoje em Cascavel, vou ter que pedir votos para outros deputados, terei que me socorrer ao Sperafico, ao Giacobo, ao Vermelho, vou ter que me socorrer a tantos outros deputados federais. Então isso aumenta muito a nossa responsabilidade.

Você já foi vereador de Cascavel, qual a diferença entre o desafio que assumiu aqui em 2009 e esse na Câmara Federal?
Padovani – Eu acredito que o Legislativo é desafiador, cada qual no seu grau, mas com a mesma responsabilidade. Para mim foi uma honra ter sido vereador de Cascavel. Foi um aprendizado muito importante e me dá base para chegar à Brasília e saber o que é uma LDO, o que é um PPA, o que é um regimento interno, como se trabalhar nas comissões permanentes da Câmara. Então ter sido vereador foi muito importante e vai nos ajudar a chegar mais rápido nas soluções que a nossa comunidade precisa.

Esse será seu primeiro mandato na Câmara Federal. O que podemos esperar do seu trabalho nos próximos quatro anos?
Padovani – Pode esperar um deputado comprometido com a sociedade, comprometido com as nossas pautas de campanha que é defender o direito de propriedade, a segurança jurídica, liberdade religiosa, liberdade de expressão, liberdade de imprensa. Pode esperar um deputado que é filho e neto de agricultor e que vai defender muito nossa cidade, nossa região e o estado do Paraná.

Quais serão as bandeiras e pautas locais defendidas por Padovani?
Padovani – De projetos de lei, tenho dois que tenho certeza que serão meu carro-chefe. Um é uma lei de segurança alimentar. Nós precisamos dividir a riqueza que é produzida no Brasil, que são os alimentos, com o povo brasileiro. É inadmissível termos fome no Brasil. Não pode ter nenhuma pessoa passando fome, sob pena de virarmos como o continente africano que exporta diamantes e o povo não ter um chinelo para pôr no pé.
Outro projeto que vou trabalhar muito é a construção do canal ferroviário bioceânico. Por que o Panamá é a Dubai das Américas? Porque o Panamá tem o Canal do Panamá que liga o oceano Pacífico ao oceano Atlântico e podemos ter um canal bioceânico no Brasil, que liga o porto de Paranaguá ao porto de Antofagasta, no Chile.
Esse é a única saída de infraestrutura para o Brasil em curto prazo e que vai resolver e abaixar o nosso custo de produção. E é um legado que a Itaipu tem que ajudar, porque a Itaipu em 200 anos acaba. A usina alagou 152 mil hectares de terras agricultáveis no Brasil e no Paraguai e qual o legado que Itaipu vai deixar para o Brasil? Um canal bioceânico, uma ferrovia bioceânica.

Sobre as pautas polêmicas que possivelmente serão discutidas na Câmara, como o fundo eleitoral e reforma tributária, você já tem algum posicionamento?
Padovani – Já. Mas precisaremos viver cada momento conforme ele vier. Eu sou totalmente contra o fundo eleitoral, mas aí vem a questão do financiamento de campanha por empresas e será que é importante hoje nós termos as empreiteiras financiando as campanhas? Eu acho que a gente vai ter que fazer essa discussão no momento adequado.

Que tipo de combate poderemos esperar do deputado Padovani?
Padovani – O combate à corrupção, o combate e defesa ao direito à propriedade, isso são bandeiras que não abrimos mão.

Qual o cenário que você espera encontrar em Brasília? Acredita que serão quatro anos difíceis para trabalhar ou não?
Padovani – Não vão ser anos nada românticos, tenho certeza. Mas estamos preparados e sei que o Congresso Nacional vai ser o poder moderador. Essa é a importância do Congresso, ser o poder moderador. E assim que vou trabalhar e não apagando o fogo com gasolina. Eu acho que nós temos que ter equilibro para o bem do Brasil.

Devemos esperar um mandato de oposição, neutro ou de situação ao governo Federal?

Padovani – Um mandato de oposição. Mas uma oposição responsável. Por exemplo, eu vou ter que procurar o governo Federal e pedir para eles tirarem o pedágio entre Cascavel e Toledo, tirar esse degrau tarifário e aí eu vou ter que apoiar o governo se ele fizer isso. Não adianta você ser uma oposição radical, mas nas pautas que nós acreditamos, nós seremos a resistência no Congresso Nacional.

E quando a questão das obras inacabadas da BR-163, entre Cascavel e Marmelândia?
Padovani – Eu acredito que se a Itaipu não colocar a mão na BR-163 ela não termina. Acho que a Itaipu é jeito mais rápido que nós temos de concluir a 163, atendendo de Marmeleiro até Marechal Cândido Rondon, por que se não ela não vai terminar. Não vejo outra saída. O governo está com o caixa furado e não vai ter condições de aumentar despesas sem aumentar a receita e para não sacrificar o contribuinte a Itaipu precisa colocar a mão na BR-163 já.

Seu pai já foi deputado federal. Qual conselho ele te deu sobre a Câmara?
Padovani – Ouvir o seu consciente, ouvir a população e ouvir o partido. Você tem que ter essas três bases. O meu pai ter sido deputado federal foi muito importante, porque o mandato tem 1.460 dias, mas o meu mandato é um mandato de 1.500 dias, porque no outro dia depois da eleição eu já estava trabalhando em defesa de Cascavel e do Paraná. Serei um prefeitão de Cascavel em Brasília. Já fiz muita coisa, consegui uma usina solar para a Apae sem ser deputado, já fui para Itaipu, já estou discutindo e pegando relatorias de projetos importantes que queriam taxar o agro. Tem muitos deputados que estão chegando, indo atrás de gabinete e assessores e eu já estou trabalhando.

Podemos esperar que você cumpra o mandato integral ou você pensa em disputar as eleições municipais de 2024?
Padovani – Ser o único deputado federal de Cascavel já nos coloca um cabresto, não podendo ser candidato a prefeito, mas vamos ouvir o grupo. Eu queria ter sido candidato a prefeito de Cascavel na eleição passada, queria discutir a alteração da matriz econômica de Cascavel para não ser apenas uma cidade agroindustrial, mas sim uma cidade metalmecânica e agroindustrial para qualificar melhor o trabalho, o trabalhador e o salário.
Não sabemos quem vamos apoiar para prefeito ou se vamos sair candidato, mas sei que nosso partido é um partido importante e o nosso nome é um nome importante na próxima conjuntura.

Fonte: Da Redação