Cascavel – Após ampla repercussão na mídia e a pressão que sofreu de líderes regionais, o governador Beto Richa recuou e disse ontem em Cascavel que os seis quilômetros “engolidos” da duplicação da BR-277 no perímetro urbano de um total de nove quilômetros do Trevo Cataratas até o trevo de São João do Oeste vão mesmo sair do papel, agora com recursos do caixa do Estado. A obra já tinha sido anunciada aos quatro ventos pelo próprio governador há cerca de dois anos, mas o contrato que ele assinou, no fim do ano passado, só tinha 3,2 km de duplicação.
“Decidimos que vamos tocar a obra que chegou a ser anunciada e gerou polêmica (…) por solicitação dos líderes de Cascavel e por entendermos os transtornos diários. Houve uma reação quando se cogitou um degrau tarifário, mas acionamos a concessionária [Ecocataratas], fizemos uma reavaliação e com o resultado positivo se observou uma sobra de caixa para as obras em execução [3,2 quilômetros do trevo Cataratas até o posto da Polícia Rodoviária Federal], que era o trecho mais congestionado e atende demandas prioritárias. Para o percurso restante serão usados recursos próprios do governo do Estado”, declarou.
Segundo o que disse o governador, sua decisão já teria, inclusive, sido discutida com a Ecocataratas. Procurada pela reportagem, concessionária disse que “a Ecocataratas esclarece que ainda não foi posicionada sobre a decisão do governo do Estado sobre os avanços na obra de duplicação em Cascavel e que dará sequência as obras conforme ultimo termo aditivo assinado e dentro dos limites dos investimentos acordados”.
A empresa disse que “não há no Contrato de Concessão nenhum dispositivo que impeça que o governo do Estado realize investimentos com recursos próprios nas rodovias concedidas, que não estejam previstos no Programa de Exploração da Rodovia”, mas como o afirmado, esta decisão do Estado ainda não foi levada à administradora do trecho.
Com prazo e sem valor
Sem falar em valores, Beto Richa reforçou que a licitação sairá do papel ainda neste ano e que para isso precisa obedecer aos “prazos legais previstos na lei federal de licitações públicas e até o fim do ano ter a licitação concluída”.
O Jornal O Paraná procurou a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística para saber sobre valores, prazos e quais encaminhamentos legais já haviam sido adotados. A secretaria informou: “O DER-PR [Departamento de Estradas de Rodagem] informa que estão sendo feitos estudos técnicos referentes à continuidade das obras de duplicação e que um cronograma com detalhes sobre os procedimentos das futuras obras será divulgado nas próximas semanas”.
A polêmica
A duplicação da BR-277 virou polêmica em julho depois de o Jornal O Paraná denunciar que, dos nove quilômetros que vinham sendo anunciados e esperados, apenas 3,2 sairiam do papel. Para isso, estão sendo investidos pela concessionária R$ 60 milhões, sem previsão de aumento da tarifa de pedágio. Além da duplicação, serão construídas duas trincheiras, vias marginais, implantação de balança de pesagem e o novo posto da PRF. A Ecocataratas garante que esse percurso será concluído no ano que vem.