Cascavel – A conjunção de fenômenos, como estiagem, em momentos cruciais de algumas das principais culturas agrícolas paranaenses, as fortes geadas ocorridas no fim de junho e meados de julho e a agressividade de algumas pragas levaram à redução na estimativa da safra de grãos 2020/21 no Paraná.
O relatório divulgado nessa quinta-feira (29) pelo Deral (Departamento de Economia Rural) aponta que serão produzidas 34,4 milhões de toneladas em 10,4 milhões de hectares. O volume é 16% menor que os 41,2 milhões de toneladas de 2019/20, ainda que a área seja 4% maior.
“É um quadro bastante complicado, mas realista. Como era de se esperar, reposicionamos fortemente para baixo a nossa estimativa global”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Isso decorre, particularmente, da perda substancial no milho safrinha e no feijão de segunda safra.
A maior perda é do milho. Em comparação com a estimativa inicial de se produzir 14,6 milhões de toneladas, já se tem como certa a perda de 8,5 milhões, o que representa 58% da produção. “Em termos de volume, é o maior da história do Paraná, e pode ser também o maior em termos percentuais”, disse o analista do Deral Edmar Gervásio.
Segundo ele, esse volume equivale à perda de três primeiras safras de milho no Paraná, que tem produção normal em torno de 3 milhões de toneladas. Com menos produção, o preço ao produtor supera R$ 90 a saca de 60 quilos neste mês, o que aumenta os custos para empresas de frango e suíno. Em valores de hoje, a quebra representa R$ 12,75 milhões.
Diante disso, a importação de milho da Argentina começa a crescer: “Não é algo comum”, comentou Gervásio.
Por ter sido plantada mais tarde, a cultura enfrentou seca, o que foi fundamental para os prejuízos. As geadas desta semana ainda não foram contabilizadas, o que pode reduzir ainda mais as expectativas. “Para o milho, a tempestade foi ‘perfeita’, com estiagem, geada e a praga do enfezamento em uma única safra e em intensidade grande”, resume.