O Gaeco de Cascavel prendeu em flagrante o ex-assessor parlamentar Izaqueu da Silva no fim da noite de segunda-feira (17) acusado de exigir dinheiro de uma paciente do SUS. Izaqueu foi exonerado do gabinete do vereador Roberto Parra no início de agosto.
Conforme Boletim de Ocorrência, a vítima buscou ajuda do Gaeco após ter sido pressionada para dar R$ 2 mil devido a uma cirurgia no útero bancada pelo SUS. O dinheiro seria para pagar o anestesista, informa a denúncia, e não para antecipar o procedimento, como muitos veículos de comunicação chegaram a divulgar.
Orientada pelo Gaeco, ela negociou o valor, que foi reduzido pela metade. Izaqueu sugeriu que a entrega fosse feita na casa da vítima, após as 18h de segunda. Os agentes do Gaeco fotografaram então as cédulas e anotaram os números de série. Os policiais fizeram campana e abordaram o ex-assessor tão logo ele saiu da casa, no Conjunto Riviera. Com Izaqueu, os agentes encontraram o dinheiro marcado e apreenderam também o telefone celular. O ex-assessor recebeu voz de prisão em flagrante e deve responder por concussão.
A Justiça fixou em R$ 20 mil a fiança. O advogado Julio Morbach estaria tentando reduzir o valor e estudava um habeas corpus. A reportagem o procurou, mas não conseguiu falar com ele.
A denúncia
Ainda segundo o Boletim de Ocorrência, a vítima relatou que quem estaria fazendo a cobrança eram Jeovane José Machado (Ganso Sem Limite), ex-vereador e assessor do vereador Jorge Bocasanta, e Izaqueu. A cirurgia seria realizada por Bocasanta no Hospital Salete na última sexta, mas que, por falta de anestesista, foi transferida para segunda-feira.
A vítima contou que o hospital lhe informou que todo o procedimento seria feito pelo SUS, sem qualquer cobrança extra.
Delação?
Na manhã de ontem, correram boatos de que Izaqueu negociava uma delação premiada e que dois vereadores estariam sendo investigados. Contudo, em seu depoimento, Izaqueu preferiu manter silêncio.
Vereadores
O vereador Roberto Parra disse que não tem muito a falar por enquanto, garantiu que desconhecia a prática e que aguarda as respostas da Justiça.
A reportagem também procurou o vereador Bocasanta, que não nos atendeu. Em entrevistas a outros veículos, ele apontou uma suposta perseguição por parte do Gaeco e contou que pediu a prisão da paciente, alegando que ela teria cometido um crime ao pagar pela vaga na fila (a Promotoria reafirmou que o pedido do dinheiro foi para pagar anestesista).
Bocasanta não se manifestou a respeito do suposto envolvimento do seu assessor.
Coincidência
No início de 2015, o Conselho de Ética da Câmara de Cascavel aceitou denúncia contra o então vereador Ganso Sem Limite que era acusado de burlar a fila para consultas e exames no Cisop. A representação foi apresentada pelo vereador Bocasanta, hoje chefe do Ganso.
Após investigação, o conselho pediu a cassação de Ganso, mas o plenário o absolveu, inclusive com voto do autor da representação.