O endurecimento da legislação ao crime de violência contra a mulher e o reforço da rede de proteção podem explicar o aumento de casos que chegam às delegacias diariamente. Não há provas de que a violência aumentou, mas a certeza de que mais mulheres têm procurado ajuda.
Infelizmente, o risco à prisão não tem sido suficiente para fazer o agressor recuar. Pelo contrário. O que se vê é um total descaso às leis, às ameaças e às próprias medidas protetivas. E milhares de mulheres continuam perdendo a vida para homens que não aceitam o “não” como resposta.
Dizer que esse tipo de crime acomete mais mulheres dependentes financeiramente dos companheiros ou menos esclarecidas é fechar os olhos para uma triste e brutal realidade.
Não importa a classe social ou a formação profissional. A mulher continua indefesa, a exemplo do duplo homicídio desta semana em Curitiba em que a mãe morreu abraçada com a filha. Ela era policial civil, usava arma e sabia lidar com bandidos, menos com um. O principal suspeito é delegado, seu marido.
Esse tipo de violência e crime só pode ser revertido de uma maneira: iniciar a educação dentro das próprias casas, orientando as crianças para uma nova postura social.
É preciso mudar o comportamento da sociedade. Os padrões de tratamento entre gêneros. O respeito acima de tudo, principalmente entre o pai e a mãe, que são os exemplos dos futuros maridos e das futuras esposas. Interromper o fluxo de novos agressores.
Uma mulher não pode temer pela vida quando decidir pôr fim a um relacionamento.