Reportagem: Josimar Bagatoli
Cascavel – Diante do parecer contrário da Comissão do Meio Ambiente do Senado ao projeto que cria a unidade de conservação estrada-parque (PL 984/2019) e que pode barrar a reabertura da Estrada do Colono, a Casa Civil do governo paranaense e membros da comissão em favor da causa na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) pretendem provocar o presidente Jair Bolsonaro para que faça uma MP (Medida Provisória) permitindo o tráfego no trecho e a exploração turística. O encontro está previsto para as próximas semanas, em Brasília, com os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil). “Se Bolsonaro é a favor da Estrada do Colono, o que impede o presidente de fazer uma medida provisória embasada em um projeto ecologicamente correto, que respeita a fauna e a flora e dá o direito de ir e vir em uma estrada histórica como essa?”, indaga o deputado estadual Nelson Lueresn, que lidera da Frente Parlamentar Pró-Reabertura da Estrada do Colono na Alep.
Uma apuração da própria Alep aponta que 25 dos 30 deputados federais da bancada paranaense são favoráveis à proposta. Ontem, durante visita ao Show Rural, o governador Ratinho Júnior participou de encontro com prefeitos das regiões oeste e sudoeste do Estado, ambas afetadas com o fechamento da estrada que ligava Capanema a Serranópolis do Iguaçu.
Mesmo com o parecer contrário na Comissão de Meio Ambiente, no Senado ainda há a possibilidade de o projeto ser salvo por meio de um pedido de vista de Alvaro Dias. “O primeiro passo é convencer o Senado. Se não o convencermos, não adianta gastar energia. É um trabalho político. Devemos tratar a Estada do Colono uma estrada ecológica, uma bioestrada, focada no turismo, e evitar que o projeto seja queimado”, sugeriu o governador Ratinho Júnior.
Mobilização
Durante encontro em Brasília, deputados federais serão convocados a defender a proposta e incentivar que os senadores de outras regiões do País também decidam pela continuidade do projeto até que possa tramitar pela Comissão de Turismo e ser sancionada pelo presidente da República.
Os políticos decidiram elaborar um dossiê sobre a Estada do Colono, impactos causados com o fechamento e os potenciais turísticos existentes, bem como as medidas de proteção ambiental a serem implantadas com sua reabertura.
O grupo conta com o apoio de juízes na defesa de uma estrada-parque, que agora será denominada bioestrada. “O grande discurso é a sustentabilidade. Tentam vender essas questões ambientais de maneira errada. Precisamos explicar à população que a estrada-parque é ligada ao turismo, com monitoramento, preservação, tem uma série de normas para tráfego, trazendo riqueza ao Estado atraindo turista do mundo todo e unindo duas regiões importantes”, defende Ratinho.
Controle
Se liberada, a bioestrada terá administração terceirizada. Além de cobrança para tráfego, apenas ônibus de turismo e carros leves poderiam circular pelo trecho, em velocidade lenta, tudo monitorado por câmeras. O investimento em infraestrutura partiria do Estado. “A bioestrada turística vai ajudar a preservação e não prejudicar: ocorrerá fiscalização maior à pesca predatória, à caça ilegal e a pássaros contrabandeados. Para que possamos usá-la, haverá horários determinados, sinalização, passarelas entre as árvores e passadores subterrâneos, com monitoramento”, argumenta Marcio Nunes, secretário Meio Ambiente.