Reportagem: Cláudia Neis
Cascavel – A chuva que caiu na região oeste nas últimas semanas foi determinante para a recuperação das lavouras de soja e milho. Além de ter auxiliado no desenvolvimento das plantas que já haviam germinado, fez com que as sementes das áreas replantadas saíssem do solo sem dificuldade. “A chuva atingiu a região toda de forma bem satisfatória e com um volume muito bom também. Por isso, as possíveis perdas não se avolumaram. As plantas que estavam sofrendo conseguiram se recuperar e, inclusive, já estão em fase de floração e frutificação, e aquelas que foram replantadas nasceram bem porque logo depois do plantio já veio a chuva”, explica a economista Jovir Esser, do Deral (Departamento de Economia Rural).
Apesar da esperança do produtor rural de alcançar uma boa produtividade ter se renovado, é importante que a frequência e o volume de chuva se normalizem. “A chuva veio na hora certa e reduziu as perdas que já estavam sendo previstas naquele momento. Se tivesse demorado mais uma semana para chover, teríamos uma situação bem diferente agora. Mas não dá para comemorar antes da hora, porque precisa continuar chovendo para garantir que a floração e a frutificação, que são etapas cruciais e que, se prejudicadas, comprometem a produção diretamente. Então, o clima é ainda de apreensão até o fim”, acrescenta.
Atraso na colheita
Outro fator que preocupa os produtores é a diferença de etapas que as plantas – tanto o milho quanto a soja – se encontram dentro de uma mesma lavoura. “Por conta da estiagem, houve diferença de tempo de germinação dos grãos na mesma lavoura. Isso pode complicar na hora da colheita, talvez atrasar um pouco, ainda é cedo para dizer. Outra questão que preocupa é que, além do atraso que já existe por conta da estiagem no plantio e automaticamente na colheita, a chuva possa vir com mais frequência na hora de colher e comprometer ainda mais o plantio do milho na segunda safra. Por isso, é preciso cautela, porque ainda tem muita coisa para acontecer até colher o que está no solo”, ressalta Jovir.
Ferrugem asiática
De acordo com o Instituto Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), que faz o acompanhamento das lavouras, não há caso ou suspeita de ferrugem asiática na região oeste do Estado no atual ciclo. “Não registramos nenhuma situação suspeita nos nossos conectores, que fazem o monitoramento das lavouras. Por ora, o tempo não está favorável para o desenvolvimento da ferrugem, já que ela, assim como a planta, desenvolve-se com chuvas mais frequentes. Temos três situações suspeitas no Paraná, mas não causam alerta. Tudo sendo controlado e acompanhado”, garante o coordenador regional Vicente Werner.
Na região de Cascavel, há 32 conectores instalados em 15 municípios, que fazem o controle da doença; no Estado todo são 241 equipamentos atualmente.