São Paulo – O crescimento de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) – soma de todos os bens e serviços produzidos no país – no terceiro trimestre, número acima do esperado pelo mercado (0,4%), provoca uma nova onda de revisões das previsões para o crescimento da economia, tanto este ano quanto em 2020. O Citi, por exemplo, elevou sua previsão para o desempenho da economia este ano de uma alta de 0,7% para 1,1% e, para o ano que vem, de 1,8% para 2,2%.
O Goldman Sachs também elevou suas projeções: de 1% para 1,2% este ano e, para 2020, de 2,2% para 2,3%. O economista-chefe do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos, destaca que a demanda doméstica, puxada pela aceleração do consumo privado, e um “robusto” crescimento do investimento ajudaram a fazer o PIB do terceiro trimestre avançar no topo das previsões, com alta de 0,6%.
Para o economista Rafael Ihara, da Mauá Capital, a expansão mais forte da economia de julho a setembro não é só efeito de fatores pontuais, como a liberação do FGTS. “Estamos vendo melhora em vários fundamentos.”
Para o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson, o crescimento do PIB no terceiro trimestre sinaliza que a recuperação da economia brasileira está ganhando fôlego, puxada pela demanda doméstica. “No geral, os dados sugerem que a retomada está ganhando algum fôlego”. E ressalta que o quarto trimestre deve ter economia ainda mais forte, conforme já vem sendo sinalizado por alguns dados que vêm sendo divulgados.
PIB cresce 0,6% no 3º trimestre
O PIB cresceu 0,6% no terceiro trimestre deste ano na comparação com o trimestre anterior. O resultado foi divulgado ontem (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na comparação com o terceiro trimestre de 2018, o PIB teve crescimento de 1,2%.
No acumulado em quatro trimestres terminados no terceiro trimestre de 2019, o crescimento é de 1% na comparação com mesmo período anterior.
No acumulado do ano até setembro, o PIB cresceu o mesmo percentual em relação a igual período de 2018.
Em valores correntes, o PIB atingiu R$ 1,842 trilhão no terceiro trimestre de 2019. Do total, R$ 1,582 trilhão se refere ao Valor Adicionado e R$ 259,7 bilhões aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.
A agropecuária cresceu 1,3%, a indústria subiu 0,8%, e os serviços, 0,4%, todos os percentuais na comparação com o trimestre anterior.
Pela ótica da despesa, a formação bruta de capital fixo (2%) e a despesa de consumo das famílias (0,8%) foram os destaques positivos. Já as despesas de consumo do governo reduziram em 0,4% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
As exportações de bens e serviços caíram 2,8%, mas as importações de bens e serviços cresceram 2,9% se comparado ao segundo trimestre de 2019.
Revisão
O IBGE divulgou também a revisão do PIB de 2018. Segundo o instituto, na revisão anual, o PIB de 2018 variou positivamente 0,2 p.p., e saiu de 1,1% para 1,3%. A maior alteração entre os setores ficou na agropecuária, que subiu de 0,1% para 1,4%.