Reportagem: Cláudia Neis
Cresce a pressão pela liberação do PS (Pronto-Socorro) do HU (Hospital Universitário) de Cascavel para aliviar as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento). Contudo, a medida é inócua. Isso porque, segundo a assessoria do hospital e a própria Secretaria Estadual da Saúde, a entrega da obra do PS em nada vai mudar o caos na saúde pública local. Isso porque a estrutura dará apenas mais “qualidade do atendimento” e a regulação de pacientes continuará igual. Na prática, é o seguinte: o HU vai continuar recusando paciente quando não tiver leito disponível. Nesse caso, o paciente continuará internado nas UPAs.
UPAs sem maca
Ou seja: não há previsão de melhorias na situação da superlotação das UPAs. Na tarde de ontem (3), por exemplo, não havia maca para receber pacientes na unidade da Avenida Tancredo Neves. O Siate precisou remanejar uma vítima de acidente para a UPA Veneza.
A Secretaria de Saúde de Cascavel disse que a situação acontece porque as UPAs estão trabalhando acima da capacidade porque não conseguem encaminhar pacientes para internamento.
Paciente levado a Toledo
Com a recusa do HU, um paciente com diagnóstico de pneumonia grave, que estava na UPA Veneza há dois dias, foi transferido ontem para o Pronto-Socorro do Hospital Bom Jesus, em Toledo, devido à piora no seu estado de saúde.
Regulação foi reduzida
O diretor técnico do Consamu, Rodrigo Nicácio, que faz a regulação dos pacientes, contradiz a “regra” do HU, já criticada pelo próprio secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, que afirmou que o HU precisa ser porta aberta, ou seja, receber pacientes sem precisar levá-los antes às UPAs.
“Antes da reforma, os pacientes com fraturas em vias públicas iam direto para o PS do HU. Era o fluxo pactuado. Com a reforma e a redução de espaço, o fluxo foi mudado e ficou pactuado que as vítimas iriam para a UPA esperar chamada para cirurgia. A Secretaria de Saúde de Cascavel acolheu esses casos e vem recebendo-os na UPA Tancredo”, explica Nicácio.
Ele espera agora que a regulação volte aos moldes antigos: “Nossa expectativa é de que volte ao fluxo anterior quando o PS reformado for entregue. Se o Siate ou o Samu identificarem uma fratura em cena, regula-se direto para o HU e lá o paciente vai para cirurgia”, detalha Rodrigo. “Entretanto, esse fluxo não cabe à regulação alterar por vontade própria. Cabe ao comitê gestor. Faremos o que for determinado, assim como acontece com outros fluxos”.
Vereadores apelam a secretário
Vereadores da Comissão de Saúde e Assistência Social da Câmara de Cascavel se reuniram esta semana com o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, para entregar pedido de providências quanto ao atendimento no HU. No documento entregue em mãos ao secretário constam três pedidos: Que os plantões médicos sejam realizados pelos hospitais conveniados ao SUS e não somente pelo HU; Que seja mudado o fluxo de regulação das vagas de internamento hospitalar – que hoje é feito pelo médico plantonista do hospital -, passando a responsabilidade de indicação de vaga para o Consamu; E para que os pacientes acidentados e infartados sejam encaminhados diretamente para os hospitais conveniados ao SUS e não mais para as UPAs, como ocorre atualmente.