Política

EDITORIAL: Não existe almoço grátis

A greve dos caminhoneiros em maio levou o País ao caos e confirmou o que todos já sabem: não existe almoço grátis. Para dar para um, alguém vai pagar a conta.

Além da perda bilionária gerada pelos 11 dias de paralisação, outro impacto significativo é causado pelo tabelamento do frete, criado para atender aos caminhoneiros.

Essa medida já causou prejuízos não totalmente mensuráveis mas bastante significativos e que ainda deverão ter sérios desdobramentos.

Um exemplo é no campo, onde praticamente foi interrompida a venda futura da soja devido à incerteza quanto ao valor do transporte. Outro é o repasse direto do aumento do frete aos produtos, seja matéria-prima seja artigo final, tudo nas costas do consumidor.

Mas as consequências ainda maiores estão por vir. Caso o STF (Supremo Tribunal Federal) decida amanhã pela validade da tabela, o sistema de frete rodoviário deve sofrer uma drástica mudança.

Em pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), seis de cada dez empresas pretendem adotar um plano B e sair do sistema convencional. A maioria vai jogar para o comprador o custo do frete e lavar as mãos. Ou seja, fica mais caro o produto final. Outros pretendem investir em frota própria e deixar os caminhoneiros sem serviço. Há ainda quem pretende replanejar rotas e regiões para não depender mais do frete. Com oferta menor, os preços devem subir.

Essas e algumas decisões devem impactar diretamente e com mais força em duas categorias: os próprios caminhoneiros, que vão perder demanda, e os consumidores, que vão pagar a conta final.

Esse é o problema quando se tenta curar a ferida só tirando a casquinha.